Lei Municipal 0214/53 - CEP: 35680-346 e 35680-352
Denomina logradouro público: Av. Jove Soares / Centro,Graça, Pio XII
LEI
Nº 214, de 29 de dezembro de 1953
Denomina
avenida marginal ao Córrego da Praia...
O
Povo do Município de Itaúna, por seus representantes, decreta e eu, em seu nome,
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º
Denominar-se-á CEL. JOVE SOARES a avenida marginal do Córrego da Praia.
Art. 2º
Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor na data de sua
publicação.
Mando,
portanto, a todas autoridades, a quem o conhecimento desta Lei pertencer, que a
cumpram e a façam cumprir tão integralmente como nela se contém e declara.
Prefeitura
Municipal de Itaúna, 29 de dezembro de 1953
Dr.
Victor Gonçalves de Souza - Prefeito
Municipal
Antônio
Orlando Botelho Nogueira - Secretário
BIOGRAFIA
Nascera
aqui mesmo na fazenda das Três Barras, quando Sant'Ana do Rio São João Acima
era distrito da cidade de Pitangui, em 8 de julho de 1868, na quadra mais
tormentosa da guerra do Paraguai, entre as batalhas de Humaitá e Itororó.
Era
filho de Firmino Francisco Soares, de Jaguaruna, hoje Onça de Pitangui, e de
Fabiana Nogueira Duarte, filha caçula do velho Manoel Ribeiro de Camargos, da
fazenda da Vargem da olaria, um dos turunas da sua época, nos tempos de
Santana.
Aos
26 anos de idade, isto é, em 25 de agosto de 1894, casara-se com sua prima
Augusta Gonçalves Nogueira, uma garota de 16 anos , viva e bonita, inteligente
e prendada, filha primogênita de Josias Nogueira Machado, que lhe enfeitiçou a
vida e lhe infundiu animo e força de vontade para trabalhar como um gigante,
criar uma família de onze filhos, dar a estes educação e estudo nos melhores
colégios, deixando a todos, tranquilo e orgulhoso de sua obra, o amparo de uma
dignificante educação moral e cívica, de uma boa cultura e de regular fortuna.
No tempo de sua mocidade, fora sobretudo boiadeiro.
Não
era do tipo desgracioso, desengonçado e torto da personagem de Euclides da
Cunha, mas possuía em toda a sua plenitude a tenacidade, a bravura e a
fortaleza do sertanejo.
Não
possuía o hábito de se recostar, quando parado, ao primeiro umbral ou à parede
que encontrasse; nem cair de cócoras sobre os calcanhares; nem o de descansar
sobre os estribos, quando sofreava o
animal, pra trocar duas palavras com um conhecido. Era um sertanejo um tanto
quanto civilizado, sem chapéu de abas largas, de vestimenta comum, com muita
compostura nos gestos e nas palavras.
Impulsionado
pela fibra inata, deste meninote se acostumou a varar os sertões. Acompanhado
do criolo Hortêncio, ou do preto Paulino, ou do seu primo Versol, ombro alto,
relho de cabo de peroba à mão, tronco pendido para frente e oscilando à feição
do trote de seus surrados cavalos, desferrados e tristonhos, rumava para Goiás,
por trilhos, veredas e estradas quase intransitáveis, em busca de gado.
Sem saber nadar, vadeava rios caudalosos
agarrado à cauda de seu animal. Isto numa era em que não existia nem o avião,
nem o automóvel e nem o rádio. Levava três meses tangendo vagarosamente,
daquelas brenhas longínquas para Santana, o gado bravio e chucro ali adquirido.
Ora cantarolava em surdina atrás daquela mole ondulante toada de senzala; ora
afundava nas caatingas garranchentas colado a um garrote arribado e esquivo;
ora lutava loucamente para conter o estouro da boiada.
Em
casa, só ficava o tempo necessário à engorda do gado invernado nas suas
fazendas da Bagagem, das Três Barras e do Pedro Gomes.
Se
não lhe aparecesse comprado à porta, com a mesma fibra e tenacidade, punha o
gado gordo em marcha e ia vende-lo à charqueada de Santa Cruz, ou abatê-lo em
Niterói, no Estado do Rio, outra tirada de mais de seiscentos quilômetros no
lombo de seus célebres cavalos.
Tinha
apenas o conhecimento das primeiras letras; mas, inteligente e cônscio disso,
sabia porta-se com compostura, nas reuniões mais seletas. Trazia sempre pronta
uma verve de ironia para os pomadistas, para os pelintras e para os metidos a sabichões.
Bom palrador, deliciava-se com uma boa prosa, simples ou picante. Pouco crédulo,
desconfiado e sem respeito humano, nunca se deixou apanhar por espertalhões.
Estava sempre a par do que ia pelo mundo, através da leitura dos jornais, no
que era um viciado. Não fumava, não bebia e não jogava, mas em compensação fora
um emérito galanteador, fino e respeitoso.
Na
luta pelo direito, era um obstinado; demandista, ferrenho, porém leal. Chegara
até a demandar, em pleitos memoráveis, na repulsa daquilo que julgava
intolerável injustiça, com um irmão amado e com o vigário João Ferreira Álvares
da Silva. Era visceralmente econômico. Dava ao dinheiro extraordinário valor,
talvez pelas canseiras do trabalho honrado e duro em adquiri-lo e por possuir
no mais alto grau o senso da previdência.
Depois dos quarenta e dois anos, convidado respectivamente pelos amigos Dr. Augusto Gonçalves de Souza, Cel. João de Cerqueira Lima, Dr. Cristiano França Teixeira Guimarães, e Dr. Tomas de Andrade, fundara com os mesmos, em maio de 1911, a Companhia Industrial Itaunense, e em janeiro de 1923 o Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, S.A., de que fora grande entusiasta e onde invertia invariavelmente as suas economias na compra de suas ações.
Com o falecimento do Cel. Antônio Pereira de Matos, ocorrido em 27 de fevereiro de 1926, fora eleito diretor secretário da Itaunense , posto em que se manteve pela consideração de seus amigos até o fim de sua vida.
Depois dos quarenta e dois anos, convidado respectivamente pelos amigos Dr. Augusto Gonçalves de Souza, Cel. João de Cerqueira Lima, Dr. Cristiano França Teixeira Guimarães, e Dr. Tomas de Andrade, fundara com os mesmos, em maio de 1911, a Companhia Industrial Itaunense, e em janeiro de 1923 o Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, S.A., de que fora grande entusiasta e onde invertia invariavelmente as suas economias na compra de suas ações.
Com o falecimento do Cel. Antônio Pereira de Matos, ocorrido em 27 de fevereiro de 1926, fora eleito diretor secretário da Itaunense , posto em que se manteve pela consideração de seus amigos até o fim de sua vida.
Nunca
fora forte em política. Mas
vangloriava-se em tom de caçoada, em poder contar, em qualquer emergência, com
dois votos seguros: o da Galinha Gorda, seu rendeiro da fazenda da Bagagem, e o
do Antônio Luiz, seu sobrinho por afinidade. Mas, mesmo assim , foi vereador à
primeira Câmara Municipal de Itaúna , em 1902 , mandato que lhe foi renovado
até 1916; e foi Conselheiro Municipal em
1932 e 1936.
Enviuvou-se
em 14 de maio de 1935. E venerou a memória de sua esposa querida até o último
alento. Todas as tardes, ao pôr do sol, em casa ou em qualquer lugar em que
estivesse, voltava-se em espírito e coração pra o local onde jazia a amada,
guardando uns minutos de silêncio, rezando baixinho, ou balbuciando coisas
ininteligíveis, como a confidenciar com alguém de muita estima e respeito.
Falecera
em 17 de novembro de 1953. Fora um bravo até para morrer. Se lhe fosse possível
vencer a morte, ele a venceria, porque com ela disputava palmo a palmo,
conscientemente, bravamente, o direito de viver um pouco mais, contendo,
inúmeras de suas tremendas investidas, contrariando todos os prognósticos dos
médicos assistentes, até tombar inconsciente, debaixo de seus inexoráveis
tentáculos.
REFERÊNCIAS:
Pesquisa: Charles
Aquino, Patrícia Gonçalves Nogueira.
Organização &
Fotografia: Charles Aquino
Biografia: Mário Soares
Projeto de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna
Biografia: Mário Soares
Projeto de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna
Fonte: Revista
Acaiaca nº 56, org. Celso Brant,1952, p.28,29,30,31.
Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMC
Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMC
Prezados, boa tarde. Parabéns pelo excelente trabalho. Meu nome é Salomão Silva, e acredito que o Sr. Jove Soares seja meu bisavô. Caso algum parente direto do Sr. Jove leia esse post, ou mesmo os responsáveis pela pesquisa, peço a gentileza de entrar em contato comigo. Deixarei os meus contatos abaixo.
ResponderExcluirMuito obrigado,
Salomão Silva
31 9 7158-3876
salomao.silva@gmail.com